terça-feira, 3 de outubro de 2017

Português: Figuras de linguagem parte 2

Nessa segunda parte das figuras de linguagem falaremos daquelas que se classificam em figuras de sintaxe. Nessa classificação, as palavras sofrem mudanças na ordem sintática comum dentro da oração para provocar determinados sentidos ou tornar belo o discurso.

Para ver a parte 1 da matéria, clique aqui.



Exemplo de todas as figuras dessa postagem. No final da leitura, tente identifica-las na imagem.

1. Hipérbato (inversão): Para ficar mais fácil de decorar, coloque na cabeça a palavra inversão, pois é justamente isso que essa figura faz. Ela inverte de forma violenta a ordem normal da frase. Um grande exemplo disso está no nosso hino nacional, observe:

- "Se o penhor dessa igualdade conseguimos conquistar com braço forte, em teu seio, ó liberdade, desafia o nosso peito a própria morte."

Veja que as frases são todas quebradas e inversas, dificulta a compreensão do leitor mais desatento. Olhe como ficaria na ordem direta:

- "Se conseguimos conquistar o penhor dessa igualdade com braço forte, nosso peito desafia a própria morte em teu seio, ó liberdade!"

2. Elipse: Temos que assimilar essa classificação a palavra "oculto", pois é isso mesmo que ocorre. Ela deixa fora do texto palavras que pelo contexto conseguimos notar, sem prejudicar seu sentido. Muito comum em músicas, veja:

- "Se não eu quem vai fazer você feliz?
  Se não sou eu, quem é que vai fazer você feliz?"
   Charlie Brown Jr.

- "Estava a toa na vida o meu amor me chamou.
  Eu estava a toa na vida e o meu amor me chamou."
    Chico Buarque

Observe nessas músicas como a falta das palavras não nos faz falta na compreensão.

3. Zeugma: O zeugma está sendo cada vez menos cobrado em provas de vestibular e concurso. Muitos gramáticos concordam que ele faz parte do elipse, pois sua única diferença e que para suprimir uma palavra, ela deve estar citada anteriormente no texto. Veja essas músicas do Chico Buarque, repletas de zeugmas:

- "O meu pai era paulista
  meu avô, (era) pernambucano
  meu bisavô, (era) mineiro
  meu tataravô, (era) baiano"

- "Levou seu retrato
  (levou) seu trapo
  (levou) seu prato
  que papel
  (levou) uma imagem de são francisco
  e (levou) um bom disco de Noel"

Observe que a palavra era na primeira música e levou na segunda só foi usado uma vez. Isto é zeugma.

4. Pleonasmo: É o uso de expressões redundantes com intuito de reforçar a informação passada. Exemplo:

- "Todo dia ela faz tudo sempre igual
   me sacode às seis horas da manhã
   me sorri um sorriso pontual
   e me beija com a boca de hortelã"

- "Se me manda ir embora
   eu saio lá fora
   ela me chama pra trás"

Isso é pleonasmo, mas preste atenção, no segundo exemplo, o pleonasmo "sair lá fora" é o chamado pleonasmo vicioso; não deve ser usado. Como o texto foi retirado de uma música, existe uma licença poética; porém é um requisito evitar tal exemplo em textos que não possuem licença poética.

Um vídeo divertido pra ilustrar:



5. Anacoluto: É a falta de ligação de nexo na estrutura sintática, deixando um termo sem função, como se fosse um tópico; normalmente no início da frase. Veja:

- Revolução Francesa, hoje falaremos das mortes ocorridas na França.
- "O homem, chamar-lhe mito não passa de anacoluto". Carlos drummond de Andrade

6. Assíndeto: É a ausência da conjunção coordenativa. Ex.:

- Vim, vi, venci.
- Acordei, saí, estudei, voltei, dormi.

7. Polissíndeto: Se no Assíndeto não há conjunção coordenativa, no polissíndeto sobram. O nome mesmo já diz. "poli"; várias. Veja:

- Ele não era assim, tão frágil, e fraco, e triste, e feio.

Não podemos usar polissíndeto em um texto formal, seu uso é mais visto nas literaturas, pois dá um efeito maior ao texto. Observe a obra: A um poeta, de Olavo Bilac:

- "Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! [...]"

8. Anáfora: É a repetição de palavras no inicio do verso ou frase. Leia essa música de Chico Cesar:

- "Quando não tinha nada, eu quis
    Quando tudo era ausência, esperei
    Quando tudo era frio, tremi
    Quando tive coragem liguei
    
    Quando chegou carta, abri
    Quando ouvi Prince, dancei
    Quando o olho brilhou, entendi
    Quando criei asas, voei

    Quando me chamou, eu vim
    Quando dei por mim, tava aqui
    Quando lhe achei, me perdi
    Quando vi você, me apaixonei."

A anáfora está de forma muito explícita nessa música não? Mas veja esta de Chico Buarque:

- "Joga pedra na Geni
    Joga pedra na Geni
    Ela é feita pra apanhar
    Ela é boa de cuspir
    Ela dá pra qualquer um
    Maldita Geni!"

Fácil encontrar não é?

Com isso, terminamos nossa segunda parte de figura de linguagem. Em breve sairá a terceira e última. 

Até a próxima galera!

Um comentário:

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